Rota do Mel gera renda a agricultores familiares no semiárido

Iniciativa coordenada pelo Ministério da Integração profissionaliza e estrutura atividade para incentivar e ampliar produção.

A participação do Estado no fomento à criação de abelhas no Brasil tem se mostrado uma importante alternativa para o desenvolvimento de regiões economicamente desfavorecidas, com baixos índices de desenvolvimento.

O Ministério da Integração Nacional, por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), apoia a profissionalização e estruturação do trabalho de pequenos agricultores que estão produzindo mel em municípios no semiárido do país. Graças ao incentivo, o produto dessas regiões ganhou posição de destaque nos mercados interno e externo. O programa Rotas da Integração Nacional, executado pela Pasta desde 2011, atua no fortalecimento da Rota do Mel e de outras cadeias produtivas locais, oferecendo apoio técnico e financeiro para capacitação, construção de polos e entrega de kits a produtores familiares.

A apicultura é uma alternativa importante para a diversificação da atividade econômica nas regiões que sofrem com a estiagem, pois requer baixo investimento de implantação e garante rápido retorno financeiro. Muitas das famílias atendidas pelo programa já criavam abelhas e produziam mel, mas sem os equipamentos e as técnicas adequadas. Segundo o engenheiro agrônomo da Codevasf, Alex Demier, a apicultura é uma das poucas atividades que gera renda durante o período de estiagem. "É uma área que sente pouco os efeitos da seca. Por isso a Rota do Mel é fundamental para organizar a cadeia produtiva, unir os atores e promover ações conjuntas", explica Demier.

Um exemplo a ser destacado é a Rota do Mel em Minas Gerais. Em parceira com a Codevasf, foram implementadas ações em 54 municípios mineiros com investimentos de mais de R$ 6 milhões nos últimos anos. Cerca de 1.400 apicultores da região foram contemplados pelas ações e produzem, atualmente, de 800 a mil toneladas de mel por ano.

É na região semiárida mineira que é produzido o mel de aroeira, que possui características únicas e medicinais. "Esse mel é produzido apenas nessa região durante a florada da aroeira, que acontece no período da seca e dura apenas uns 45 dias por ano. Ele atua contra a bactéria H. pylori, que causa gastrite e úlcera. Esse mel não tinha muito valor econômico devido à sua cor escura, mas a partir dos estudos que descobriram suas ações medicinais ficou muito valorizado e ganhou destaque no comércio", complementa Alex Demier.

Os kits distribuídos a produtores familiares são compostos por colmeias, melgueiras, suporte, cera, equipamentos de proteção individual, carretilha manual, formão e fumigador. O treinamento envolve noções teóricas e práticas sobre a anatomia e biologia das abelhas, floradas apícolas, instalação de apiários, métodos de povoamento e de manejo das colmeias, uso dos materiais necessários, controle fitossanitário e a relação das abelhas com o meio ambiente, dentre outros temas. Os investimentos também englobam a construção de várias Unidades de Extração de Produtos da Abelha e de Beneficiamento de Mel em diversos municípios.